Histórico

Fundado em 29 de janeiro de 1951, o Hospital Manoel de Abreu (HMA) integra a história de saúde pública da cidade de Bauru e, de alguma forma, faz parte da vida dos moradores de seu entorno a partir da rua Salvador Filardi. A via pública, aliás, leva o nome do doador de uma área de quatro hectares da fazenda Grande Água Parada, onde foi instalado o Hospital, em Bauru (SP). A doação foi realizada pelo cidadão Salvador Filardi e por sua esposa Julieta Dal Colleto Filardi, em 1948, à Estrada de Ferro Noroeste do Brasil.
Projetado inicialmente para ser um sanatório, o Hospital Manoel de Abreu foi construído e equipado pela Campanha Nacional Contra a Tuberculose com verbas fornecidas pelo governo federal.
Em meados de 1930 já havia um programa para instalação de pelo menos um sanatório em cada estado do Brasil. Os sanatórios eram um dos maiores sustentáculos para o tratamento da tuberculose. Mas, aos poucos, percebeu-se que não havia diferença de resultados entre pacientes tratados nos sanatórios e aqueles tratados ambulatorialmente. A partir de então, houve um incentivo para o tratamento em ambulatórios e a otimização de leitos hospitalares.
Em 1952, foi celebrado convênio entre o Serviço Nacional de Tuberculose do Departamento Nacional de Saúde da Secretaria da Saúde Pública, da Assistência Social do Estado de São Paulo e a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. O hospital permaneceu por 36 anos sob responsabilidade e administração direta do Estado.
Em 1988, o Hospital passou a ser administrado pela Associação Hospitalar de Bauru, oferecendo tratamento clínico de infectologia e oncologia.
Vinte anos depois, portanto, em 04 de abril de 2008, o Hospital passa a viver uma nova história a partir da celebração de um contrato entre o governo do Estado de São Paulo e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), tendo a Famesp como interveniente para administrar as ações e serviços de saúde no Hospital. Nesse período, o Hospital passou a ser denominado “Hospital Estadual Manoel de Abreu”.

Em 2013, a Famesp assumiu integralmente a gestão do Hospital e fez esse trabalho até março de 2016, quando o governo do Estado de São Paulo anunciou oficialmente o fechamento provisório da unidade para uma ampla reforma.


Reabertura
Em maio de 2022, denominada simplesmente Hospital Manoel de Abreu - HMA, a unidade foi reinaugurada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) com contrato de gestão assinado com a Famesp, com 61 leitos clínicos para atendimento a pacientes que precisam de cuidados prolongados, além de três específicos para tisiologia (tuberculose) e 15 voltados para saúde mental (desintoxicação aguda) de dependentes químicos, totalizando 79 vagas de internação para atendimentos de média complexidade. A SES investiu 34,3 milhões entre estrutura e equipamentos. Os atendimentos prestados pelo HMA são 100% SUS e a unidade tem papel fundamental para fornecer retaguarda às unidades hospitalares de maior complexidade, otimizando a ocupação dos leitos na região de Bauru. Hoje, o HMA atende pacientes de 68 municípios do Departamento Regional de Saúde de Bauru, abrangendo uma área populacional de 1 milhão e 800 mil habitantes, e vem sendo revitalizado com foco na excelência dos serviços prestados. 

Homenagem e pesquisa
O nome dado ao Hospital se refere a uma importante personagem na história da tuberculose. Manoel de Abreu era brasileiro, médico e cientista, formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1914, e dedicava-se ao estudo da Radiologia. Dirigiu o Laboratório Central de Radiologia da Santa Casa de Paris e, em 1917, passou a se dedicar às pesquisas sobre a fotografia dos pulmões no Hospital Franco-brasileiro. Retornando ao Brasil, em 1922, em meio a um surto de tuberculose, retoma suas experiências na Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose, no Rio de Janeiro e a cidade, naquela época, registrava inúmeros casos da doença e os exames convencionais eram caros sem condições de acesso a maior parte da população. Em 1936, finaliza as pesquisas, iniciadas em Paris há 17 anos, sobre um novo exame diagnóstico, mais eficiente e de mais baixo custo: a radiografia do tórax, pela fotografia da tela radioscópica, posteriormente chamada abreugrafia. Esta descoberta modifica o cenário da tuberculose, no Brasil e no mundo, uma vez que passa a identificar os doentes entre os aparentemente sadios, ou seja, realizar um diagnóstico precoce com melhores chances de intervenção e cura. Posteriormente, outras formas de radiografia foram surgindo, mas cabe a Manuel de Abreu o mérito do desenvolvimento do primeiro exame diagnóstico para tuberculose.

A história da tuberculose e dos tuberculosos é tão complexa que gerou interesse de pesquisa no professor e sociólogo Claudio Bertolli, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Em 2001, ele publicou pela Editora Fiocruz o robusto “História social da tuberculose e do tuberculoso: 1900-1950”. Vale a leitura das 248 páginas para compreender melhor o aspecto social dessa doença que apartou tanta gente e ainda mantém suas marcas em hospitais que foram sanatórios, como é o caso do Manoel de Abreu. No livro (Editora Fiocruz, 2001), o pesquisador destaca:

“O trem era o veículo que, de costume, conduzia os tísicos para o ‘exílio’ forçado pela doença. Superado o perímetro dos maiores centros urbanos, os doentes iam percebendo a paulatina alteração da paisagem que, quanto mais se aproximava das áreas de tratamento, mais abria espaço para extensas glebas de mata e terrenos de geografia acidentada. Símbolo maior do desterro prometido, os contrafortes da Mantiqueira representavam o selo da exclusão, ganhando o sentido de majestosos portais de entrada para um universo que resistia em devolver a liberdade para os viajantes tuberculosos.”


LEIA TAMBÉM:

O brasileiro que criou a abreugrafia, exame que salvou milhares de vidas da tuberculose


Fontes consultadas:

FILHO, Claudio Bertolli. História social da tuberculose e do tuberculoso: 1900-1950. São Paulo. Editora Fiocruz, 2001.  Disponível em: http://books.scielo.org/id/4. Acesso em 22. jul. 2022.

RODELLI, Maria Celeste. Hospital Estadual Manoel de Abreu: história. Bauru-SP. HEMA, Equipe Psicologia, 2016.

ROSEMBERG, José. Tuberculose - Aspectos históricos, realidades, seu romantismo e transculturação. Bol. Pneumol. Sanit.,  Rio de Janeiro ,  v. 7, n. 2, dez.  1999 .   Disponível em <http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-460X1999000200002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  26  fev.  2014.

http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/ManuelDi.html

http://www.academiamedicinasaopaulo.org.br/biografias/89/BIOGRAFIA-MANOEL-DIAS-DE-ABREU.pdf

.................................................................................................

Linha do tempo

1952
O Hospital Manoel de Abreu inicia suas atividades. A administração da unidade cabia à Secretaria da Saúde Pública e da Assistência Social do Estado de São Paulo, conforme convênio firmado com o Serviço Nacional de Tuberculose.

1988
O Hospital passa a ser gerido pela Associação Hospitalar de Bauru.

2008
Um novo convênio é celebrado em 02 de abril de 2008 para a gestão do Hospital, que passa a se chamar Hospital Estadual Manoel de Abreu. Desta vez, o documento é firmado entre a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo - SES/SP e a Universidade Estadual Paulista - Unesp. A administração da unidade fica por conta da Faculdade de Medicina de Botucatu/FMB-Unesp, com interveniência da Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar - Famesp. O âmbito de atuação do Hospital é ampliado e o serviço se torna referência para os 68 municípios que compõem a área de abrangência do Departamento Regional de Saúde de Bauru (DRS-6).


2013
Em 19 de abril é firmado um contrato de gestão entre a SES-SP e a Famesp, qualificada como Organização Social de Saúde. A Fundação passa a gerenciar diretamente o desenvolvimento das ações e os serviços de saúde no HEMA.


2016
Em março, durante visita a Bauru (SP), o então secretário de estado da saúde, anuncia o fechamento da unidade para ampla reforma. O fato é noticiado pela mídia de toda a Região. Veja, aqui, galeria de imagens.
> Confira, também, reportagem publicada na época pelo Jornal da Cidade.


2022

Em maio de 2022, denominada simplesmente Hospital Manoel de Abreu - HMA, a unidade foi reinaugurada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) com contrato de gestão firmado com a Famesp, num total de 79 leitos de internação. 

> Confira a galeria de imagens da reinauguração
E confira algumas imagens do primeiro dia de trabalho.

REPORTAGENS RELACIONADAS:

 




[atualização ACI-ES, 23fev2023]